O modo subjuntivo expressa ideia de dúvida, incerteza
O modo subjuntivo retrata uma das muitas peculiaridades que norteiam a classe gramatical ora representada pelos verbos. Tal classe, em virtude da significativa complexidade que a norteia, muitas vezes se torna alvo de questionamentos, bem como de possíveis desvios cometidos por parte de alguns usuários.
Dadas tais ocorrências, sobretudo aquela demarcada pelos inevitáveis desvios, o artigo em questão tem por finalidade apontar o uso indevido das formas verbais, quando a ideia nelas retratadas faz referência a uma probabilidade, dúvida, incerteza – aspectos esses que tão bem representam o modo em foco (o subjuntivo).
Assim sendo, no intento de ilustrarmos bem o que estamos afirmando, vamos analisar uma conhecida letra musical, sob a autoria de Cássia Eller, intitulada “Malandragem”. Vejamos, pois, alguns fragmentos:
Malandragem
Quem sabe eu ainda
Sou uma garotinha
Esperando o ônibus
Da escola, sozinha...
Sou uma garotinha
Esperando o ônibus
Da escola, sozinha...
Cansada com minhas
Meias três quartos
Rezando baixo
Pelos cantos
Por ser uma menina má...
Meias três quartos
Rezando baixo
Pelos cantos
Por ser uma menina má...
Quem sabe o príncipe
Virou um chato
Que vive dando
No meu saco
Quem sabe a vida
É não sonhar...
[...]
Virou um chato
Que vive dando
No meu saco
Quem sabe a vida
É não sonhar...
[...]
Fazendo referência aos dois primeiros versos, ora retratados por “Quem sabe eu ainda/Sou uma garotinha...”, percebe-se que no segundo verso há uma forma verbal inadequada, tendo em vista a ideia expressa – demarcada por uma explícita incerteza: Quem sabe...
Estamos diante do modo subjuntivo, o qual se caracteriza pelos pormenores anteriormente citados: dúvida, incerteza. Assim sendo, o discurso, em se tratando do moldes preconizados pela gramática, teria de ser reformulado, tornando-se assim expresso:
Quem sabe eu ainda seja uma garotinha...
Contudo, resta-nos compreender que mesmo que tal ocorrência se manifeste, temos o que chamamos de “licença poética” – aquela concedida ao artista, ao poeta, com vistas a conferir melodia, harmonia à sua criação, mesmo que isso transgrida as normas gramaticais.
Mas quando o assunto fizer referência a situações linguísticas normais, comuns, sobretudo em se tratando da modalidade escrita da linguagem, é sempre bom tomar cuidado e ter consciência de que conhecer os fatos linguísticos nessas horas é fundamental.
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